13 de novembro de 2013

Por que escrevo?


Ter a força para te dar força, ir buscar à alma cansada, a alegria. Fazê-la aparecer, dar-ta a beber, mas não só, fazê-la correr, transbordar, para que encha o teu cálice. Procurar saídas, abrir portas e janelas, mostrar-te paisagens intocadas, sem sulcos de guerra, sem feridas do Homem, apenas esperança, na forma de horizonte. Olhar o mar sem sombras negras, sem vagas mortíferas, aniquiladoras, apenas reflexos solares, tranquilidade, espuma dos sonhos. Aceitar o Céu, saber aceitar, respirar fundo, reordenar o espirito, baralhar, soltar o coração e voltar a dar, voltar a sonhar.

Mas por que escrevo? Para quem? Angustio-me. Porque não ris? Porque não brilham os teus olhos? Porque dormes acordada? Porque estou assim, porque é assim. Resigno-me. Porque não é fácil, porque a rotina dos dias fazem esquecer, porque nos fazem esmorecer. Não, debato-me. Será diferente, não te apagues, não te entregues, não te feches nesse lugar. Vislumbro por fim. Nenhuma montanha conquistarás, sem que antes a invejes, do fundo do vale, nem será doce o fruto se não o conheceres amargo, nenhum luar te iluminará sem as trevas da noite, nem sentirás tão doce a brisa, sem a quentura do meio-dia. Alegra-te porque assim é, assim será para ti, o que vives é a antecipação do sonho, que por momentos esqueceste.

P.S. Só esta dúvida subsiste. Por que escrevo? Para quem? Para ti ou para mim?

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