29 de novembro de 2010

Domingo Desportivo

Em Alvalade

Tenho pouco a dizer sobre o clássico. O único resultado que interessava ao Sporting era a vitória e como tantas vezes este ano, não a conseguiu. É uma equipa assim, entre a mediocridade e mediania de quem a dirige. Alguns jogadores não o merecerão, mas outros sim, e mais uma vez, ficamos assim-assim.

Em Odivelas

Cenário completamente diferente no futsal, o Sporting (campeão nacional) conseguiu um lugar na Final Four da Uefa Cup, derrotando no terceiro e derradeiro jogo uma equipa que é só, a actual campeã espanhola. Grande ambiente naquele pavilhão e jogo empolgante. Cada vez gosto mais desta modalidade muito técnica, rápida e emocionante. Parabéns ao Benfica, actual campeão europeu, que também se apurou, prestigiando ainda mais as cores portuguesas no futsal. Uma final portuguesa era inédita, veremos (o sorteio também tem que ajudar).

Em Barcelona

Hoje joga-se em Barcelona uma partida de estrelas e uma das maiores rivalidades mundiais. Espero que seja um grande jogo, um partidazo. Ouvi dizer que só em cláusulas de rescisão andam por ali 4 Mil Milhões de Euros (!?!) Que grande jeito davam a Portugal, fica à atenção de Teixeira dos Santos :) Confesso que gostaria de ver os "portugueses de Madrid" a vencer, mas o Barcelona é um relógio que raramente se atrasa...

26 de novembro de 2010

Apresentação do Certame Dá Fundo III - Novembro 2010

Imagem do último evento - Dá Fundo II
Este evento, que se tem revelado um enorme sucesso e já vai para a sua 3.ª edição, vai-se realizar amanhã, a 26 de novembro de 2010, mudando desta feita para o Restaurante BS, na R. da Imprensa Nacional, muito por força de uma entusiasta e crescente participação de distinguidos enólogos de todo o país (pronto, estou a exagerar, mas há um que até vem de Almoçageme). A degustação vinícola de produção nacional, retornará às origens, concentrando-se novamente no néctar de cor alva. Confiamos que o Ermelo Reserva Maduro Branco 2010, produzido em região demarcada vilarealense, corresponda ao selo de qualidade que sempre o tem acompanhado, fazendo assim as delicias dos convivas. Aguarda-se a cobertura fotográfica do evento, para publicação em breve. Isto se alguem estiver capaz de tirar fotos, claro.

Nota: Mais uma vez, a organização parabeniza a representante da família produtora, cuja preciosa colaboração, afabilidade e disponibilidade, em muito contribuíram para engrandecer este evento. Obrigado Anabela.
 

25 de novembro de 2010

Electricidade sem extras

A EDP é só mais um exemplo daquelas empresas que actuam em monopólio e que só podem dar lucro. Presta um serviço público essencial a que todos nós, vivendo num mundo civilizado, temos que recorrer: electricidade. Que remédio temos nós...É claro que os seus gestores, lutando num mercado de tão dificil concorrência, são principescamente remunerados e merecem tudo o que é prémio, aliás, mereceriam até (arrisco-me a propor) o tal regime de excepção aos cortes salariais referido no último post.

A DECO explica que "na factura dos consumidores, em 2010, 31% traduzem os custos de produção de energia e 27% o uso das redes que conduzem a electricidade até nossas casas. A componente mais pesada, os “Custos de Interesse Geral” (42%), inclui verbas, entre outras, como o fomento às renováveis, rendas aos municípios e a amortização do défice tarifário. Há ainda a acrescentar os Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual e os Contratos de Aquisição de Energia.". Portanto, pagamos tudo e dá cá mais uma palha em custos de interesse geral, tudo cabe naquele bolo, é à vontade do freguês. O Sócrates quer vangloriar-se a Hugo Chávez que tem energias renováveis, claro, nós pagamos, há um equilibrio contratual ou o que raio-o-parta para manter, ok, nós pagamos. "Trata-se de custos acrescidos, alguns sem relação directa com a produção e distribuição de energia eléctrica". Pois bem, eles preparam-se para aumentar esta rúbrica em mais de 30% face a 2010, que tal? Entretanto, a DECO "simulou o impacto de uma diminuição de 10% nas rubricas dos custos de interesse geral e concluiu que, em vez de depararmos com a proposta de aumento para 2011, tal levaria a uma redução nos preços próxima de 5 por cento.". Os meus parabéns ao António Mexia, assim percebe-se o porquê de ganhar mais, por exemplo, do que os presidentes da Microsoft e da Apple. É um grande gestor.

Nota: Parabéns (estes a sério), à DECO, que tem uma petição online para lutar contra esta situação. Eu fui o 4.987.º a juntar-me à causa, e vocês?

23 de novembro de 2010

McSocrates

Deambulo pelos canais de TV e encontro Sócrates (mais uma vez), é uma entrevista com um fulano que conheço de cara mas não sei o nome e o omnisciente Nuno Rogeiro. Antes de me irritar com os clichés e sound-bytes devidamente preparados que o "nosso" 1.º ministro debita (mais uma vez), experimento tirar o som e observá-lo. É um exercício verdadeiramente esclarecedor, garanto-vos, todo ele sorri, franze sobrolhos, ensaia uma ar preocupado para logo contra-atacar com pose optimista, gesticula abundantemente (todos eles aprendem isso) e fica-se com a impressão que está ali um produto acabado de marketing, que depois de uma forte campanha publicitária, se prepara para aparecer com pompa e circunstância num cartaz deslumbrante, numa qualquer superfície comercial. Vem numa embalagem de design apelativo e estudada com tanto cuidado, que está pronta a enfrentar os consumidores mais desconfiados e experimentados do mercado.

À pergunta "como chegámos a isto", concluo "porque era um produto novo e com um marketing competentíssimo". Quase todos comprámos este pacote, pelo menos uma vez, mais que não fosse por curiosidade. Outros insistiram, porque apesar de não valer tanto como se apregoava, acharam que era moda, outros ainda, fizeram disso um estilo de vida, uma espécie de rotina semanal, algo que se consome num Sábado à noite e se deseja sem que se saiba muito bem porquê. José Sócrates é uma ida ao McDonalds, ou melhor, é uma espécie de BigMac, ou melhor ainda, um HappyMeal, e os portugueses são uma data de miúdos que deixam metade do hambúrguer por comer, mas não resistem ao boneco (muitas vezes repetido).
We´re lovin' it...

21 de novembro de 2010

Domingo Desportivo

Parabéns aos oito mil e tal resistentes que testemunharam, in loco, a mediocridade em que se tornou esta equipa do Sporting. Fraco, fraquinho, ao nível do treinador. Por quanto tempo estaremos condenados a isto?

O F.C. Porto jogou tão mal ou pior (e ainda anularam um golo limpinho ao Moreirense), mas aqui estamos perante a excepção e não a regra. Essa, está viva e de boa saúde em Alvalade. S.O.S. Save our souls...

20 de novembro de 2010

Let it be

Não me lembro da data...tomara eu saber quando ensinei o meu irmão mais novo a tocar uma canção na viola, pela primeira vez. Acho que comecei por exigir Beatles e o “Let it be”. Começava em Ré maior. A canção apelava-lhe e era difícil o suficiente, mas ele aprendeu os acordes e foi por ali fora com uma facilidade impressionante (a sério, garanto-vos que não é por ser meu irmão). Passados uns anitos, já me estava a ensinar coisas novas de Kurt Kobain, Pearl Jam, e outras que se tocavam na época...como Manu Chao. Mas para além da sua época, tocou-me especialmente a maneira como ele reconheceu a genialidade de Roger Waters, a facilidade com que encontrou Bob Marley e a forma como em geral, assimilou as músicas intemporais. Era um homem do djambé e da viola, excedia os dois irmãos em talento natural mas penso que não o sabia e só agora me lembrei de lho dizer. Cantava timidamente, mas de quando em vez, mostrava algo que eu nunca consegui realmente. Genuinidade? A pureza da voz entre gargalhadas e a confiança de quem cantava para sempre, ainda hoje me espantam. E para sempre ele canta, para sempre ele ri, e para sempre ele está, em mim. Pensando nisso agora, até pode ser coisa de somenos, mas a sua voz é uma espécie de banda sonora na minha vida. Ainda o ouço, diariamente..."Said i remember...when we used to seat...". Paz.

Nota: Que seja também a banda sonora de uma menina muito querida que ele acompanhou e acompanha certamente. Dá-lhe uma força Zeca.

19 de novembro de 2010

And nothing ever happens...

A sério, conseguem imaginar algo mais entediante do que este desfilar de non-events? E ainda por cima em directo e por tudo o que é canal televisivo, safa!...

Mas esperem, atenção, Obama coça o nariz, é verdade, aí está...acabou de coçar o nariz em exclusivo para a TVI senhores espectadores!

16 de novembro de 2010

É favor denunciar

A Procuradoria Geral da República criou um site de denúncias para actos de corrupção. Até aqui tudo bem, parece-me algo positivo e apropriado a este país de compadrios e de favores circulantes e inesgotáveis. Pode até ser um elemento disuasor e, em última análise, fomentador de investigações que de outro modo nunca existiriam. A outra questão (a million dollar question), é que as denúncias podem ser feitas de forma anónima, sendo precisamente aqui que a coisa se complica e me divide. Se por um lado compreendo perfeitamente a necessidade de anonimato que muitas situações implicam, de tal forma que sem tal permissa, nunca uma ilegalidade poderia ser desvendada (falo com conhecimento de causa quando tive necessidade de proteger pessoas que me são queridas de represálias), por outro, receio que isto sirva de desculpa para que se destilem falsidades, calúnias e desconfianças infundamentadas por "dá cá aquela palha", e em nome de qualquer antipatia, querela ou ódio pessoal. Perante isto, ficará nas mãos do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), a enorme responsabilidade de uma criteriosa filtragem das ocorrências denunciadas. Estaremos perante um caso em que os fins justificam os meios? Confesso que assim de repente, não sei bem...

Nota: Enquanto eu me decido, quem souber e/ou quiser, é favor denunciar aqui

15 de novembro de 2010

Domingo Desportivo

No futebol, vitórias dos grandes com especial destaque para o Sporting, em Coimbra. É um campo e uma equipa dificil, e a versão Dr. Jeckill e Mr. Hyde lá esteve presente, mais uma vez. Sofrimento, como habitual, mas desta vez sobrou a vitória, o regresso de Pedro Mendes e a confirmação de Valdés. Esta equipa vai ser uma intermitência até ao final da época muito por culpa de erros simples e mais que identificados na (não) construção do plantel: Centrais e avançado.

Excelente vitória da equipa de andebol do Sporting em casa do Benfica. Pena que os anfitriões tenham perdido a cabeça quando a vantagem se acentuou a nosso favor. Mas também convenhamos, um dérbi é sempre um jogo que ninguém quer perder, nem que seja à carica. Final quentinho, mas vitória indiscutivel do Sporting por 21-28.

Sebastien Vettel sagrou-se campeão do mundo em F1 numa corrida irrepreensivel e num circuito de Abu Dhabi que parece saído das 1001 noites. Curiosamente, nunca tinha liderado na classificação durante a época, mas fê-lo quando interessava, na última corrida. Alonso não foi além da 7.ª posição quando precisava, pelo menos, do 4.º lugar, e assim foi relegado para a 2.ª posição final do campeonato. A F1 está mais equilibrada e mais interessante.

11 de novembro de 2010

Um adeus ao Senhor do Adeus

Morreu hoje, aos 80 anos, o Senhor do Adeus. Ouvia falar dele, do senhor de idade que, trajando impecavelmente, fazia adeus aos condutores que passavam apressados. Depois vi-o várias vezes no Restelo, onde passou a residir. Apitei e acenei-lhe por diversas vezes, e sem sentimentalismos póstumos, senti sempre simpatia e conforto naquela troca de cumprimentos.

Era "apenas" um estranho, que para espantar a solidão (como ele próprio assumia), acenava a estranhos que passavam, muitos também solitários. Ali no topo da Avenida da Torre-de-Belém, nunca parei o carro para conversar, mas se calhar teria sido interessante. Naquele breve segundo em que nos cumprimentávamos, pareceu-me sempre uma pessoa boa.  Soube agora que tinha um blog e era cinéfilo, que tinha posses, e que se chamava João Manuel Serra.

À pergunta "Tudo isto é solidão?", respondeu "Essa senhora é uma malvada, que me persegue por entre as paredes vazias de casa. Para lhe escapar, venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente". Adeus Sr. João, adeus, obrigado por tudo.

10 de novembro de 2010

Give me 10 !!!

A vida tem altos e baixos, é certo, momentos mais e menos felizes, mas para mim tem valido sempre a pena.

"E o futuro, é uma astronave, que tentamos pilotar, não tem tempo, nem piedade e nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença muda a nossa vida e depois convida, a rir ou chorar" Aquarela, Toquinho

E que bem que estávamos ali ao lado, entre palmeiras e areia branca, lembras-te? ;)

8 de novembro de 2010

"Não Ser Sporting" ou a insustentável burrice reinante em Alvalade

O post anterior falava no "Ser Sporting", este fala no "Não Ser Sporting". Isto não é o Sporting, os equipamentos são iguais, o estádio também, o público também (enquanto não os escorraçarem todos), mas isto não é o Sporting.

Estou um bocado a quente, mas vou tentar ser assertivo (como está na moda dizer-se). Enquadremos isto.
É um jogo importante, discutem-se posições entre as duas equipas e a "colagem" ao 2.º lugar. Defronta-se um bom adversário, que tirou pontos aos 2 rivais. O Sporting domina totalmente, ataques, remates, cantos, posse de bola e ganha por 2-0 aos 70 minutos (beneficiado com um golo em que a bola não entra, é certo). Mas atenção, ao Sporting, bastaria um rácio entre 10 a 20 % de concretização para estar a golear nas calmas. Aqui quero ser rigoroso, e vou recorrer ao Jornal Record para me auxiliar (é a descrição do jogo e não são palavras minhas):

9´ Vukcevic cruza de trivela e João Pereira, ao segundo poste, falha de forma incrível!
16' Sporting: Golo de Hélder Postiga (1-0)
25' Cruzamento atrasado de João Pereira para Valdés e o chileno dispara fraco à figura de Nilson.
29' Postiga, servido por Valdés, obriga Nilson a excelente defesa para canto!
30' Sporting: Golo de Vukcevic (2-0) Nota minha: A bola bate duas vezes na barra e não entra, golo mal validado
35' Jogada confusa na área do V. Guimarães e Postiga dispara por cima.
37' Abel cruza da direita e Maniche, no coração da área, dispara por cima.
38' Evaldo surge completamente solto na esquerda, servido por Valdés mas o seu remate sai muito ao lado...
53' Vukcevic surge solto na esquerda, dispara forte e Alex corta a bola para canto.
58' Excelente arrancada de Valdés na esquerda, vai à linha de fundo e cruza para Maniche cabecear à figura de Nilson...
68' Valdés serve bem João Pereira e este desperdiça por duas vezes um golo que parecia certo.
82' Bomba de Vukcevic e Nilson faz uma excelente defesa!
85' Zapater recebe na entrada da área, serve atrasado em André Santos que dispara muito por cima...

Portanto, sem contar com os golos (e o golo mal validado seria mais uma grande ocasião desperdiçada), o Sporting tem no total 11 oportunidades de golo (umas serão menos perigosas, posso admitir, mas garanto-vos que na maioria, estas descrições não fazem jus ao perigo do lance). Onze! Desperdiça 3 até ao 2.º golo, mais 3 até ao intervalo, e outras 3 até à tão ridícula como anunciada expulsão de Maniche (já lá vamos). Reparem, já a ganhar por 2-0, o Sporting deita fora, por vezes de forma displicente, a possibilidade de fazer o 3-0 e matar o jogo por 6 vezes (!?!). Depois disso e já a jogar em inferioridade numérica, tem mais duas. Agora dirão, ter 2 golos e falhar 11 oportunidades também é azar. Não...é azelhice, é displicência, é burrice, é Abel, é Postiga, é Maniche...Entre 10 a 20 % de concretização daria goleada, que é o que o jogo indiciava e mostraria com um Sporting razoavelmente competente.

O que aconteceu então? Passámos de um jogo de goleada a uma derrota (e assim ouvimos Machado a fingir que não pensou que levaria um cabaz para Guimarães), porquê? Porque a burrice reinante no Sporting não faz justiça à história do clube. Maniche fazia um jogo deplorável, horroroso, é burro e está numa forma péssima, até por isso, arrisca cortes atrás de cortes que podem dar amarelo, falha golos, passes, ouve alguns assobios, está-se a ver que está esgotado, Postiga idem, é burro, manda-se para o chão, protesta em todos os lances e como não está no Porto, vê um amarelo. Ora, eu que sou um leigo estou a ver tudo isto e pergunto-me porque é que o treinador não faz uma substituição, isto com a equipa tranquila com 2-0. Refresque a equipa, o jogo está ganho, retire estes dois elementos que se arrastam e protestam, será que ele não vê o óbvio? Não, quando se decide, Maniche vai para a rua aos 73'. Mas pior, com o resultado em 2-0 e aos 77', tira Valdés (o melhor do Sporting, em minha opinião), jogador que consegue ter a bola nos pés como mais nenhum, numa altura em que isso era fulcral, e a fazer um jogão...o resto já vocês sabem, os golos do Vitória seguiram-se de imediato. Paulo Sérgio é burro, hesitante e mais do que Maniche, é o grande culpado desta derrota. Mas é humilde, disso não há dúvida, e ele próprio admite a sua falta de maturidade, algo que dá jeito no meu Sporting, não neste Sporting. No meio desta falta de inteligência, falta de competência e falta de maturidade reinante, o presidente do clube é o topo da pirâmide, é a cereja no topo do bolo. Juntando o cérebro e a competência de Bettencourt, Paulo Sérgio, Djaló, Abel, Postiga e Maniche, só para exemplificar, não obtemos um terço de um Mourinho, obtemos ao invés, esta antítese de Sporting que se arrasta em lenta agonia, obtemos antes este sentimento de "não ser Sporting". E não me venham dizer que isto é o Sporting, porque não é!

Nota: A flash-interview de Vukcevic (que fez um belíssimo jogo) é elucidativa deste meu sentimento de frustração, e se uma imagem vale mais que mil-palavras, então nem precisavam de ler isto tudo. As suas palavras também dizem muito, e eu compreendi-o perfeitamente. Este Sporting, que não é o meu, é um cemitério de jogadores, o futuro campeão Moutinho que o diga.

7 de novembro de 2010

Ser Sporting

Eurico é o único jogador campeão português pelos três grandes (até repetiu o título em todos), e em excelente entrevista ao Jornal i, entre inúmeras declarações, refere-se ao Sporting da seguinte forma:


"Dos três grandes, onde preferiu ser campeão nacional?

No Sporting. Tem força clubística. É uma pena que agora já não seja assim. É aquele clube em que os sócios não deixam de ter um sentimento genuíno, muito próprio. E é o que tem ganho menos. Há qualquer coisa ali que devia ser estudado. Tanta grandeza, tanta força e tanta fidelidade. Falta gente com discurso e sangue à Sporting. Ao longo das décadas, o Sporting vai-se afastando dos grandes. É um clube de investimentos. Na minha altura, era um clube de vitórias. O que ainda sobrevive é a paixão dos adeptos pelo Sporting."



Ora bem, o adepto do Sporting, em geral, entende bem a parte de ter um "sentimento genuíno, muito próprio", ter "força clubística" e ter "tanta grandeza, tanta força e tanta fidelidade". Isto é algo com o qual todos nos identificamos e que estando nos nossos genes nos merece um sorriso condescendente em relação aos rivais sempre que, neste particular, se esforçam por se por em bicos-dos-pés. Até aqui tudo bem. O que preocupa é todo a restante declaração e é a partir daí que devemos começar a unir esforços no sentido de uma reabilitação que é possível, enquanto a tal paixão dos adeptos sobreviver. Cabe a todos, nem que seja em pequenos gestos diários fazê-lo (a discussão de café serve perfeitamente)..."Há qualquer coisa ali que devia ser estudado", diz Eurico, e eu concordo. Eu acredito neste clube sem rival na sua grandeza, ecletismo, crença e paixão, no clube formador que atravessa todos os estratos e idades, no clube que mais tem feito pelo desporto nacional. Para mim, ser Sporting, pode até não passar por ser o maior, mas sempre foi e deverá significar ser o melhor. Mas como curar esta doença que nos tem anestesiado? Com um novo discurso, e no caso do futebol, que é a modalidade mais importante do clube, com uma nova atitude. Para esta mudança, devemos sentir-nos todos convidados, mas é a estrutura profissional, a começar no Presidente e a acabar nos jogadores, que tem que dar o mote, disso não duvido...os adeptos responderão, para o bem ou para o mal.


Nota: Na tradição do Sporting só há um resultado que interessa hoje, a vitória do Benfica. É isto que nós somos, que ninguém duvide...
Actualização: Neste sentido, não tenho problemas nenhuns em espelhar aqui o que não deve ser o Sporting. Estas declarações, mesmo sem conhecer o contexto e o tom mais-ou-menos brincalhão com que foram proferidas, são despropositadas e só nos envergonham. Estou farto de dirigentes destes.

6 de novembro de 2010

Vieira, o candidato

Depois de aqui deixar a minha opinião, em devido tempo, eis que passado um mês e picos leio que o Benfica pediu 2500 bilhetes e 100 lugares VIP para o jogo com o FC Porto. Pára tudo! Terei lido bem? Uma coisa é não controlarem os adeptos que vão legitimamente ver o seu clube fora-de-portas e que se estão completamente lixando para o que os órgãos sociais e o Presidente do clube dizem, outra é o próprio clube estar-se lixando para o que ele próprio disse. Notável, a todos os níveis.
A coisa assume contornos ainda mais burlescos quando se apresenta como excepção à posição então tomada, o facto de o Benfica considerar que a direcção do Porto “nunca se baterá pela verdade desportiva” (algo que na altura não deviam saber e descobriram há coisa de dias, em vésperas do clássico). Para ser franco, até me sinto meio sem graça por ver a minha argumentação tão rapidamente corroborada, e logo pelo próprio Vieira, é simplesmente fácil demais.
Assim, o que eu considerei ridículo na altura, eleva-se agora a uma escala planetária e sinceramente não sei o que é pior, se a hipocrisia de Vieira, se a soberba de tomar todos os benfiquistas por tolos (porque o gajo não acredita mesmo que o pessoal come com aquela desculpa e se esquece, ou pensa?). Agora digam lá, um tipo que dá o dito por não dito em tão pouco tempo e ainda tem a lata de arranjar uma justificação destas, tem ou não tem perfil para 1.º Ministro?

4 de novembro de 2010

A Gent(e) não merece, pá!!!

É injusto para um clube histórico como o Sporting e para os seus adeptos, os melhores do mundo (e neste caso os emigrados na Bélgica), que num jogo europeu se conjuguem no mesmo relvado e ao mesmo tempo, 3 jogadores como o Djaló, o Abel e o Postiga. Isto é o pior do Sporting, revisitado, e implica um decréscimo colectivo ao nível do Q.I. que coloca a equipa à mercê de qualquer súbito ajuntamento de jogadores de rua.

De resto, perdeu-se uma óptima oportunidade de uma vitória à mão de semear, contra um adversário combativo e com um excelente ambiente caseiro (o apoio ao Sporting não ficou atrás), mas notoriamente mediano. Brincar à Europa, mesmo nestas condições, parece-me algo abusivo e espero que sirva como lição a Paulo Sérgio. Fiquei medianamente chateado com a derrota, que não foi nada de especial, mas perturbou-me muito mais o "dejá vu" de certos jogadores que já quase começava a esquecer (só faltava o Polga)...

Homem do Jogo: Abel (resolveu a contenda, sozinho)
Melhor do Sporting: Marco Torsiglieri (agora a sério, foi mesmo o melhor para mim e ainda teve que jogar ao lado de Nuno André Coelho...parece-me um central muito verdinho mas que, com 22 anos, parece ter potencial e deve ser bem trabalhado)

1 de novembro de 2010

Dia de Todos-os-Santos (e das duas rosas amarelas)

Acordar cedo, bem cedo, ainda mais cedo que o costume porque o raio da hora de Inverno chegou para nos encurtar os dias, já de si pequenos. Desta vez concedo, não me parece que o Sócrates esteja metido nisto. Hoje não sonhei contigo, isso foi há dois dias, mas não seria mais apropriado apareceres hoje, que vou à Ajuda deixar-te flores? Esquece, tu apareces quando quiseres e quando te apetecer, era só o que faltava.

Hoje o cemitério estava apinhado, as bancas de flores também, é dia de Todos-os-Santos. Pelo que li, antecede o dia dos fiéis defuntos ou de “finados”, que seria o dia apropriado para deixar flores (como se o houvesse), mas as pessoas aproveitam o feriado e lá vão, um dia antes. Não te estou a ver como um fiel defunto ou um finado, que mais parece o nome de um frito de Natal, mas assim chamam aos dias e assim os dias são apresentados, “olá, eu sou o Finado, muito prazer”.

Escolhi duas rosas amarelas, porque as acho alegres (espero bem que gostes porque já não é a primeira vez que as escolho), uma minha, outra do teu irmão, que não gosta de ir ao cemitério. Terá as suas razões e até se entende, não será o único a quem lhe custa olhar para uma sepultura com o teu nome gravado (aí estamos todos de acordo), mas reage e sofre à sua maneira, como tu sabes. Eu, pelo contrário, vejo-me impelido a lá ir, não como o nosso pai, que abraça a pesada e honrosa missão diária de tratar da campa mais limpa e bonita do cemitério (se não é, parece), mas de quando em vez. Gosto do cemitério, aprecio a paz do local, o imenso céu que dali se avista, o sol, que ali é diferente, as flores verdadeiras e as de plástico, as cores que contrastam com o branco da mármore, os ciganos sentados junto das campas em bancos portáteis, as idosas a segredar baixinho aos seus defuntos, os gestos delicados e indecisos que compõe pela milésima vez pétalas e placas que dizem “saudade”.

A rapariga que me vendeu as flores cortou-as pelo sítio que eu indiquei (e que veio a revelar-se demasiado curto para a profundidade do vaso, novamente) e surpreendeu-me ao cheirar as flores antes de mas entregar. Disse que cheiravam bem e deu-mas com um sorriso, muito simples e natural. Gostei daquele gesto, achei que mostrava simpatia e respeito por ti, pensei que deve ter calculado o quão bonito tu és, mas provavelmente foi só um gesto feminino e intuitivo perante duas rosas amarelas. Passo pela campa em que o C.F. “Os Belenenses” homenageia Pepe, Matateu e Artur José Pereira, fundador do clube, e viro à direita na Rua 14, cruzando-me com olhares que não olhando, são solidários, com gente que reconhece a dor e a saudade que nos vai na alma. Parece-me um óptimo sítio para se fazerem amizades.

Ali prostrado, perante a sepultura com o número 5.181, também eu hesito, demoro um pouco a decidir o que fazer e lá me lembro de compor as rosas o melhor que sei. “Tenho que mandar cortar só um bocadinho do caule, para a próxima”. Componho-me a mim próprio, emocionalmente, fico apatetado e ajeito algumas daquelas pedrinhas brancas que na tua campa proliferam sempre em boa quantidade. Suspeito, uma vez mais, que o nosso pai não vai olhar a meios para assim se manterem (tu sabes como ele é). Talvez reze, talvez chore, talvez não faça nada disso, não sei, sei que fico sempre surpreso por encontrar ali a tua fotografia e o teu nome entre dois idosos, que também deviam ser boas pessoas porque têm as campas bem cuidadas. Ouço boa e recente música nos phones e dói-me não ta poder impingir e disso ficar orgulhoso como aconteceu com os “Pink Floyd”, lembras-te? Acendo um cigarro e ajeito o vaso tombado da campa do senhor Eusébio (que não conheço mas fica ao lado), digo-te que vou almoçar aos teus pais, que eles estão bem e que lá nos encontraremos. Depois sinto-me ridículo ali a falar, a murmurar, sem saber que dizer, sem saber que murmurar e fico a olhar em volta. Sabias que há uma senhora que abraça e afaga uma sepultura ali próxima? Enternece-me ver pessoas que acreditam em algo muito maior que os montinhos de terra e pedrinhas brancas que ali estão, algo muito mais vivo que a laje que se limpa com um paninho húmido amarelo.


Demorei-me uns 10 ou 15 minutos, normalmente demoro-me pouco, não sei, parece-me pouco e muito ao mesmo tempo. Saio e passo pelos pedintes, legalizados e outros, sem levantar os olhos. Hoje não me apetece dar, mesmo que para boas causas, que é o que parecem ser sempre todas as causas. Já dou e mais darei para os subitamente humildes pedintes que nos governam e para a causa maior que dizem ser o país. O país todo meus caros…que tal isto para uma causa justa, ó minha senhora com a lata-mealheiro da Cáritas? Em casa dos meus pais como um excelente cozido-à-portuguesa. Estão eles, o meu irmão, cunhada e sobrinho, e ainda tenho tempo para jogar à bola com este miúdo que adoro e que com apenas 7 anos, já parece um craque. Venho para casa e penso que foi um bom feriado, que foi normal, não fora a sensação de que me esqueci de te dizer algo, precisamente quando ali estava sem saber que dizer, que murmurar. Que gostei da maneira como nos abraçámos no tal sonho de há dois dias, de como pensei que era um milagre tu estares ali, e que tenho pena de não me lembrar do que me disseste, antes de mais uma vez te ires embora, tão de repente.