26 de novembro de 2013

A governação em 4 parágrafos:


A actual interpretação de equidade é simples. O que existir de pior no sector privado ou público, é para ser aplicado num ou noutro. Esta é a estratégia.

A táctica segue-se depois. Propor essas medidas de austeridade em leis sucessivas e desafiantes à Constituição e despeja-las em catadupa no Tribunal Constitucional até que, após constantes pressões internas e internacionais, algumas vão passando.

Entretanto, com a ajuda dos inocentes e incautos portugueses, lança-se uma campanha de guerrilha entre sector privado e público para que uns, aplaudam os cortes e as violações dos direitos dos outros, aplausos esses que só se silenciam, quando finalmente descobrem que eles próprios, e em nome da estratégia de equidade acima indicada, alinharão inevitavelmente pelos cortes e violações de direitos dos outros.

Simples não? É a austeridade estúpido!

Nota Adicional:  Não esquecer que esta mesma gente que acredita realmente neste caminho de mão-de-obra barata e qualificada, finalmente desprotegida, vergada ao poder da entidade patronal, e esperando ansiosamente por emprego escravo de uma qualquer multinacional chinesa ou angolana (ou alemã na menos má das hipóteses), não é cá de trabalhar muito nem nunca foi, e se porventura o fizeram alguma vez foi em nome de objectivos pessoais, como andar pelas sucursais das “Jotas” e respectivos Partidos a conspirar pela sua ascenção. Eventualmente lá se prestaram a estudar um bocadinho aos 40 anos (outros nem isso, como sabemos) e até se deslocaram uma vez ou outra à empresa onde entraram como Vogais ou Administradores (o primeiro emprego, finalmente), mas trabalhar que é bom, é para os outros, até porque a reforma já está aí à porta, generosa e plácida, assim larguem a governação deste país de tolos mansos.

4 comentários:

  1. Li este comentário na blogoesfera "É uma antiga e poderosa teoria económica. Se as pessoas trabalharem de graça as coisas saem muito mais baratas" jo.

    Brilhante pois...Funcionários públicos ao preço da chuva e a rezar que não saia mais outro corte, a ser empurrados para a rua (que se lixe que os modelos nórdicos que tanto gostam de idolatrar tenham percentagens muito superiores de função pública face à população activa), Saúde, Educação e afins chatices a passar para privados, empresários portugueses analfabetos a esfregar as mãos com a procura qualificada e condições excepcionais para trabalharem para eles de Sol a Sol, empresários portugueses mais espertos e batidos a esfregar as mãos com as novas áreas de negócio que se lhes oferecem, e claro, procura qualificada e condições excepcionais para trabalharem para eles de Sol a Sol, investimento estrangeiro maravilhado com o clima e com o preço destes trabalhadores chineses, digo, portugueses (e europeus, melhor ainda) e voilá! O sonho concretiza-se finalmente! O milagre aparece, a economia cresce enfim (estão a ver como cresce seus tolinhos?!?)

    E com mais umas reservas de Ouro vindo da Alemanha e uns pózinhos aqui e ali, consuma-se a fria mas doce vingança ao 25 de Abril de 74. Tão estupidamente simples...

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  2. Parafraseando o Cherba na sua tasca: "Fight & Resist"! Mas, infelizmente, o povo é sereno e, impávido, lá fica a ver a vida a passar e a qualidade da mesma a cair, a cair... até cair nas portas de uma qualquer Misericórdia, humilhando-se por um prato de sopa e um naco de pão.
    E quando alguém alerta para o que poderá estar a originar-se no seio da população, aqui del rei, que são apelos à violência. Tristes. Tanto os governantes como os governados.
    Abraço
    A

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    1. Adorava cantarolar aqui o "Times they are a´changing" do Dylan e acreditar, mas confesso-me pouco esperançado...

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  3. Amigo, eles estão mesmo a'changing, mas para pior... direitos laborais adquiridos? Sindicatos? Que é isso? "Give me hope, Joana". O melhor é discutirmos se a bandeira deveria perder o vermelho lololol

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