23 de agosto de 2013

Mano

Mano, meu mano, de que adianta chorar por uma presença que se afasta de mim a cada hora que vivo? De que adianta pensar que te abraçei e desejei boa viagem há exactamente 6 anos e 2 dias? Nada, certo? São apenas datas, números em quadriculas que são meses, meses em quadriculas que são anos, métricas de vida que aferem o quê afinal? Quantidades de vida? De que adianta esta data de 23 de Agosto, mano?

Pois ainda assim vacilo e revivo, ignorante que sou, relembro-te porque estou aqui, tenho consciência de mim, relembro-te porque sinto os dedos ao escrever, porque sinto a pele esticada daquele teu Djambé e o eco das suas batidas, quando lhe acerto com uma força capaz de acordar o mundo.

A boa viagem era para ser até Tarifa, Espanha, lembras-te? Querias ver as baleias, lembras-te? Mas passaste pela Costa Alentejana para uns dias entre amigos e acabaste por ir mais longe. tão mais longe do que alguma vezes imaginámos...Fizeste bem mano, porque o que está decidido, decidido está, e ninguém conhece os caminhos sem os percorrer, e ninguem conhece os destinos sem lá chegar.


Prometi a mim mesmo não me alongar, porque as perguntas manter-se-ão, sempre: De que adianta chorar? De que adianta esta data, mano? Despeço-me por agora na certeza de que te apercebeste que encontrei alguém que me dá sentido, que aceito melhor esta tua viagem, que te amo mais, que também eu gostava de dar com uma baleia assim sem mais nada, e que se a vir um dia, lhe pedirei para navegar, simplesmente viajar, convicto que o destino é chegar. Dir-lhe-ei que se porventura souber, onde o mar toca o céu, te diga que tu, mano, vives tanto como eu.



20 de agosto de 2013